sábado, 21 de novembro de 2009

Você quer ser apresentador de telejornal?

Antonio Brasil (*)



Mesmo em tempos de crise no jornalismo de TV, muitos jovens ainda sonham em programas de TV ou telejornais. Querem ser os próximos William Bonner ou Fátima Bernades. Para isso, nada melhor do que ouvir as dicas de jornalistas e dos fonoaudiólogos, os profissionais da fala.

Nos primeiros anos da TV, o apresentador era somente um locutor da notícia – não interferia em seu conteúdo e não participava da produção do telejornal.

Isso no Brasil, onde grande parte dos apresentadores veio do rádio. Eles adaptaram um estilo de narrar as notícias de forma bem parecida com a narrativa dos jornais radiofônicos. Ou seja, um estilo com muita ênfase em certas palavras, bastante dramático.

Nos EUA e Inglaterra, os apresentadores geralmente tinham experiência com teatro ou cinema. No modelo norte-americano esses profissionais atuaram em forma mais participativa nos primeiros telejornais. Cria-se o termo “anchorman”, um apresentador que atua como editor-chefe e tem um noticiário mais crítico, mais aberto a sua opinião e direção.

São os telejornais que ganham a confiança do espectador pela própria figura do apresentador – apresentadores como Edward Murrow e Walter Cronkite, ambos da rede CBS, tornam-se as pessoas mais confiáveis dos EUA.

Este é provavelmente o apogeu do jornalismo de TV.

Pronto-socorro da Voz
No Brasil, a apresentação de telejornal passou por várias mudanças. O primeiro momento, onde os apresentadores geralmente não eram jornalistas, mas tinham uma bela voz e narravam a notícia; o surgimento de noticiários mais críticos, mas que perderam espaço com a censura durante a ditadura – dando espaço para profissionais mais novos e inexperientes, porém com uma aparência atraente e simpática; e com a abertura política, o surgimento de apresentadores como âncoras - necessariamente jornalistas - capazes de improvisar, entrevistar ao vivo, tornar o noticiário mais dinâmico.

Muitas características são comuns a esse profissional, mas a mais marcante e que necessita de um cuidado especial é a voz, a capacidade do apresentador de tornar uma frase mais enfática e saber qual a frase correta, qual a melhor impostação, o que deve ser desenvolvido para um melhor aproveitamento vocal.


Diante da mudança tecnológica e dos jornalistas aparecerem mais diante das câmeras, foi necessário preparar essa equipe para uma melhor produção textual, impostação de voz e capacidade de improvisar.

A TV Globo contrata na década de 1970 a fonoaudióloga Gloria Beuttenmüller para treinar repórteres, com o objetivo de tornar a fala deles mais natural.
Ficou nacionalmente conhecida como a "moderadora da fala do jornalismo brasileiro". Trabalhou anos na Rede Globo como fonoaudióloga, uniformizando o modo de falar dos jornalistas da empresa, que eram provenientes de várias regiões do Brasil. Além do jornalismo, com seu conhecimento de teatro e da arte da fala, ela sempre foi a fada-madrinha de artistas e cantores, que a procuravam para "aprender a usar a voz".
Criadora do método Espaço Direcional Beuttenmüller para problemas da voz e fala, Glorinha é uma das maiores especialistas no Brasil em técnicas de comunicação e impostação vocal.

O grande ator Ítalo Rossi lhe deu o apelido de “pronto-socorro da voz”. Uma frase de suas frases ficou célebre: "Para apresentar televisão, precisa-se sentir o cóccix".

Atualmente Glória trabalha com o preparo vocal de políticos e sua filha Vânia Beuttenmüller assumiu a posição de fonoaudióloga de jornalistas.

Alma, informação e falar com o corpo inteiro
Em entrevista para o Comunique-se, com a colaboração da nossa colega Carina Itaborahy, Vânia esclarece algumas dúvidas sobre a apresentação de programas de TV e de telejornais.

- Como fonoaudióloga, o que a motivou a trabalhar no preparo de jornalistas?
Fui convidada por uma emissora de televisão a fim de dar uma certa simplicidade na maneira de falar porque muitos repórteres e apresentadores vinham com vícios de rádio, e rádio é só audição e o falar é enfático, sobressaindo advérbios e adjetivos, e na televisão é intimidade, nada pode ultrapassar a imagem e sim ser de acordo com ela. A fala deve ser clara e direta, sem exageros.

- O que seria essa intimidade da televisão? A presença da imagem do apresentador?
Exatamente, já que no rádio é só audição. Digo intimidade porque o apresentador – ou quem está no vídeo – entra na casa do telespectador sem pedir licença. É importante lembrar que deve haver respeito nessa entrada, notado pela aparência (barba feita e maquiagem sem exageros), pelas roupas e mesmo pela fala correta e clara.

- Em relação ao apresentador de telejornal, na sua opinião, quais são os requisitos básicos para esse profissional?
Simpatia, firmeza e convicção ao passar a notícia com imparcialidade. Uma postura sem rigidez, pois falamos com o corpo inteiro, mesmo que só esteja sendo focalizado em close.

- Para um estudante de jornalismo que se interessa em telejornal, a senhora acha importante que já se consulte com um fonoaudiólogo?
Sim. Se vamos ser um profissional de voz, antes de mais nada devemos saber como está o nosso aparelho fonador e quais os defeitos de articulação e vícios de pronúncia que podem ser resolvidos através de exercícios específicos.

- Quais são os problemas mais freqüentes dos profissionais que a procuram?
De voz: rouquidão e nasalação. E de fala: omissões de fonemas, acréscimos, velocidade e ritmo.

- Quanto tempo, em média, demora o tratamento fonoaudiológico?
Isto depende do interesse e da sensibilidade de cada um, assim como do seu ouvido fonético.

- O teleprompter (equipamento acoplado à câmera para auxílio na leitura de textos) é um avanço para o apresentador de telejornal, mas pode ser um martírio caso o texto acelere ou trave. Neste caso o improviso torna-se essencial. A senhora daria uma dica para desenvolver um ritmo uniforme de leitura e capacidade de improvisar?
É importante que o apresentador coordene seu ritmo interno com o ritmo externo da notícia. Na grande maioria das vezes (salvo casos de notícias de última hora), ele já está familiarizado com o texto que irá ler. E este texto já deve estar memorizado – nunca decorado. E o que comando o ritmo externo é o teor e o conteúdo da notícia. Esporte é mais descontraído e dinâmico, política pede um tom mais sério, por exemplo.

- Na década de 1970, sua mãe, Gloria Beuttemüller, foi contratada pela TV Globo para treinar repórteres para um melhor aproveitamento diante das câmeras. Agora, anos depois, a senhora trabalha com jornalistas. O que mudou daquela época para agora em relação aos apresentadores?
A maior mudança podemos perceber pelos avanços tecnológicos, não no ser humano. Este continua sensível e cheio de emoções, sendo influenciado pelos temas abordados e pelo conteúdo do programa ou jornal. Mas como as mudanças ao redor são constantes, é importante que os profissionais estejam atualizados e abertos a novidades que terão que acompanhar, eles não devem parar no tempo e no espaço.

- Eles estão mais bem preparados ou possuem vícios de linguagem mais aparentes?
Alguns estão, mas o que percebo é que muitos fazem a tônica errada nas palavras, acreditando que estão dando ênfase. Exemplifico: quando uma frase começa com imediatamente, eles reforçam erradamente a primeira sílaba, quando, na verdade, a tônica está em “mem”. Outra observação que faço é a dificuldade em situar as notícias no tempo e no espaço corretos. As nuances necessárias para diferenciar passado, presente e futuro.

E para complementar esta entrevista, nada como a dica definitiva da decana dos telejornais brasileiros, Alice Maria: “No jornalismo, beleza não é fundamental. O que é preciso é ser forte, ter carisma, ter alma. Alma e muita informação...”

Tudo a ver!

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a "Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais". Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar "Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica", "O Poder das Imagens" da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado "Antimanual de Jornalismo e Comunicação" pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.

Fonte: http://www.comunique-se.com.br/Conteudo/NewsShow.asp?idnot=46190&Editoria=286&Op2=1&Op3=0&pid=1&fnt=fntnl

Apresentação, edição e reportagem






















Na sexta-feira, 20/11, foi a vez da apresentadora da TV Vitoriosa Tânia Costta, falar com os alunos sobre apresentação de telejornal. A jornalista relatou algumas curiosidades na transmissão ao vivo, postura, imagem e entonação de voz . Tânia, falou ainda, sobre edição e experiências em reportagens de rede.

Produção de reportagens para televisão







Como fazer produção de reportagens para Televisão? Para responder esta e outras curiosidades aos alunos do 5º período, a editora da TV Bandeirantes Frinéia Chaves, participou na sexta-feira, 13/11 de um bate-papo com os alunos. Frinéia Chaves mostrou experiências vividas durante o período em que foi produtora de rede da TV Integração, cuidados com imagens, ronda, a importância de ter uma agenda, contatos com fontes, o uso de microcâmera e destacou que o produtor deve mostrar um "gancho" ou seja um diferencial para que a matéria seja exibida em nível nacional.

domingo, 8 de novembro de 2009

ENADE




Realizado nesse domingo, 08/11, o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade). Mais de 1,1 milhão de estudantes, em 997 cidades brasileiras participaram da avaliação. Os alunos do curso de jornalismo da Faculdade Católica fizeram as provas na Escola Estadual 6 de junho, no Bairro Brasil. A coordenadora do curso Vanda Albieri e as professoras Dalira Maradei e Eliane Moreira foram até o local recepcionar os alunos que participaram da avaliação. A todos boa sorte, sabemos do talento de cada um!!!